O Novembro Azul é o mês de atenção à saúde masculina. A campanha tem como objetivo quebrar tabus e conscientizar homens sobre a importância do cuidado com a saúde, especialmente em relação ao câncer de próstata.

O movimento tem origem na Austrália, no ano de 2003, com o nome Movember. No Brasil, teve início com o Instituto Lado a Lado pela Vida, que em 2010 realizou a campanha “Um Toque, Um Drible”. Em 2011, ganhou o nome Novembro Azul.

Leia a seguir sobre a relação dos homens com os cuidados médicos de rotina e também sobre o câncer de próstata, o segundo tipo de câncer mais presente entre a população masculina brasileira, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA).

Por que homens tendem a não cuidar da saúde? 

A pesquisa Um Novo Olhar para a Saúde do Homem, realizada em 2019 pela revista SAÚDE e pelo Grupo Abril em parceria com o Instituto Lado a Lado pela Vida, mostra que 26% dos 2405 participantes só vai ao médico quando se sente mal. 59% não costuma ir ao urologista, mesmo que 95% considere verdadeira a informação “O câncer de próstata uma doença que pode ser curada se detectada cedo”.

Diferentes fatores estão relacionados à falta de procura dos homens por serviços médicos. A principal delas talvez seja a construção social do masculino, associado à virilidade e invulnerabilidade. Há ainda rejeição a comportamentos tidos como femininos, entre eles o autocuidado.

Muitos homens procuram ajuda médica somente quando sentem que há algo errado, mas não de forma preventiva. Visitar um médico frequentemente pode fazer com que o homem se sinta fraco ou frágil.

A vergonha e o desconforto de se expor aos médicos, em especial em exames como o de toque (necessário para avaliação da próstata), e o medo do diagnóstico e tratamento também estão entre as causas. De acordo com a mesma pesquisa, “câncer” e “morte” são as palavras mais usadas para descrever o maior medo dos participantes em relação à saúde.

Tudo isso é, porém, desnecessário. A masculinidade não é definida pela procura por um médico, e consultas e exames de rotina são essenciais para uma vida longa e saudável. É o caso do câncer de próstata: o acompanhamento médico é essencial na luta coletiva contra a doença.

O que é o Câncer de Próstata?

Símbolo do Novembro Azul

A Próstata é uma glândula masculina localizada na frente do reto, envolvendo a parte superior da uretra, canal onde passa a urina. A próstata é responsável por produzir um líquido com compõe o sêmen.

O câncer de próstata é causado pela multiplicação descontrolada das células, formando tumores. Em parte dos casos, o câncer cresce lentamente, e pode não ameaçar a saúde do homem. É possível, porém, que a doença se desenvolva rapidamente e possa se espalhar para outros órgãos.

Entre os fatores de risco para o câncer de próstata está a idade. De acordo com o INCA, a cada dez homens diagnosticados com a doença, nove têm mais de 55 anos. O histórico da doença na família, especialmente parentes de primeiro grau, também é um fator, assim como a raça: homens negros têm maior risco de desenvolver o câncer. 

O câncer de próstata não pode ser exatamente prevenido, mas a adoção de práticas saudáveis diminui seu risco, além de diversas outras doenças. É importante ter uma boa alimentação, manter o peso corporal adequado, praticar atividades físicas e evitar cigarros e consumo de bebidas alcoólicas.

Exame de toque, PSA e acompanhamento médico

Os exames mais importantes para acompanhamento da saúde da próstata são o de toque retal e o exame de PSA. No primeiro o médico avalia tamanho, forma e textura da próstata. O segundo é o exame de sangue, que mede a qualidade de Antígeno Prostático Específico no sangue, proteína produzida pela glândula.

Há divergências sobre a necessidade de incluir estes exames entre as avaliações de rotina. O argumento é que o câncer de próstata pode evoluir tão lentamente que não ameaça a vida do paciente.

A recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia, no entanto, é que homens a partir de 50 anos procurem um médico para avaliação individualizada. Para homens com fatores de risco, a indicação é fazer acompanhamento profissional a partir de 45 anos. 

O câncer de próstata não costuma apresentar sintomas nas fases iniciais, e por isso os exames de rotina são tão importantes. Eles podem identificar o início da doença, aumentando a chance de sucesso no tratamento e evitando que o câncer se espalhe.

Diagnóstico e tratamento

Com apoio dos exames, a confirmação do diagnóstico do câncer de próstata é realizada com o resultado da biópsia, quando pedaços pequenos da glândula são retirados e analisados em laboratório.

O tratamento pode incluir radioterapia e a prostatectomia, a retirada da próstata. No entanto, antes de tratamentos mais radicais, é avaliado o risco da doença. 
No caso de câncer de próstata com baixo risco (ou seja, evolução lenta), o mais comum é o acompanhamento chamado vigilância ativa, com consultas e exames periódicos que avaliam a progressão da doença e a necessidade de tratamento, evitando procedimentos invasivos que não são imprescindíveis.

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