Escondida entre a vegetação exuberante do Amazonas e o colorido do estado do Pará, Alter do Chão é um paraíso de beleza não óbvia que leva o melhor dos dois maiores estados em extensão territorial do Brasil: a natureza. Localizada à margem direita do Rio Tapajós, afluente do Rio Amazonas, e a cerca de 38 km de Santarém, a pacata vila de pescadores se tornou mundialmente conhecida após ter a praia local eleita como a mais bela praia de água doce do mundo, segundo jornal britânico The Guardian, em 2009.

Reconhecimento merecido, afinal, o vilarejo que têm o título atribuído de “Caribe Amazônico” é dono de um areal branco e água doce transparente de cor azul-turquesa. As belezas naturais, as casinhas de pau-a-pique com teto de sapé e a simplicidade ribeirinha atraem brasileiros e estrangeiros tanto no período de seca do rio, quando as praias estão à vista, quanto no período de cheia, que possibilita as incursões de barco floresta a dentro.

Saiba mais sobre Alter do Chão, destino singular da região Norte, abençoado pelas belezas naturais do Amazonas e Pará!

Conheça outros 10 destinos paradisíacos para explorar em território brasileiro!

Uma rotina marcada pelo Rio Tapajós

Alter do Chão - Ilha do Amor

O verão é a estação de seca e a melhor época para conhecer Alter do Chão. Neste período, entre agosto e dezembro, o nível do Rio Tapajós diminui, formam-se bancos de areia e as praias ficam à mostra. A Ilha do Amor, responsável pela fama do destino, não nega o nome e é de fato apaixonante. Eleita a praia mais bonita de água doce do mundo, segundo o jornal britânico The Guardian, está localizada bem em frente à vila e é a queridinha dos turistas, contando com quiosques, vendedores e singelas barraquinhas. A travessia pode ser feita em barcos a remo, chamados de catraia e, se a maré estiver baixa, o trajeto pode ser feito a pé.

Alter do Chão - Lago Verde

No roteiro não poderia faltar o Lago Verde. Merecidamente conhecido como “Floresta Encantada”, está próximo à Ilha do Amor e do centro do vilarejo, e é uma das opções para conhecer durante o período de cheia do Rio Tapajós, que vai de janeiro a julho. Durante o verão, onde o nível do rio baixa, uma enorme porção de terra separa o Tapajós de Lago Verde. Já no período de cheia, o rio e lago se unem, e justificam a alcunha pela qual o local é conhecido. É neste período também onde é possível observar animais como macacos, cotias e pássaros. Passar de barco entre esta mata de igapó, que fica inundada durante seis meses por ano, é um dos passeios mais tradicionais do ecoturismo local.

A beleza do entorno de Alter do Chão

Alter do Chão - Ponta do Muretá

Opções onde a tranquilidade reina não estão propriamente em Alter do Chão, mas são acessíveis através de lanchas ou barcos e o trajeto não dura mais do que 15 minutos a partir do centro da vila. As pontas do Cururu e Muretá, situadas em sentidos opostos, são dois desses paraísos que parecem existir somente no imaginário. Marcadas pela calmaria, não há quiosques ou vendedores, e as localizações privilegiadas permitem um panorama incrível  do pôr do sol. A Ponta do Cururu ainda conta com a presença de botos, que parecem dançar sob as águas do Tapajós.

Alter do Chão - Pindobal

Outro lugar paradisíaco é Pindobal, em Belterra, a cerca de 7 km por terra a partir do centro da vila. Esta, com as mesmas águas transparentes e areal branco de Alter do Chão, é um pouco menos movimentada que o centro do vilarejo, porém, possui mais infraestrutura quando comparada com as pontas do Cururu e Muretá. A região conta com bares e restaurantes, além de barraquinhas cobertas de palha, que dão todo o charme ao local.

Alter do Chão - Ponta de Pedras
lubasi/Flickr CC BY-SA

Completando o conjunto de pérolas do Tapajós, a Ponta de Pedras ganha destaque por conta de suas enormes formações rochosas que justificam seu nome e podem ser vistas de acordo com a época do ano e nível do rio. Distante a cerca de 33 km de Alter do Chão, a região faz parte da Área de Proteção Ambiental. Além da beleza natural evidente, Ponta de Pedras se destaca também no artesanato e na gastronomia, principalmente em pratos à base de peixes. O petisco mais famoso é o peixe charutinho que, inclusive, tem um festival próprio chamado de Festival do Charutinho, realizado sempre no mês de novembro.

Explore o melhor da Amazônia paraense

Floresta Nacional do Tapajós
Mário Broering/CC BY-SA

Conhecer a Floresta Nacional do Tapajós, ou simplesmente Flona, é um dos melhores passeios para se fazer em Alter do Chão. Localizada a pouco mais de 40 km da vila e a 64 km de Santarém, a floresta é uma unidade de conservação ambiental situada às margens do Rio Tapajós e uma das mais visitadas da Amazônia. O turismo sustentável e o ecoturismo, além de gerar conhecimento através dos tours guiados por nativos, é o que impulsiona a economia e abastece mais de 30 comunidades ribeirinhas que vivem em seus 530.000 hectares.

Para visitar a Flona, é necessário pagar uma pequena taxa para o guia e para o ICMBIO – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. A trilha, apesar de grande – são mais ou menos 19 km e 6h de caminhada –, não exige tanto condicionamento físico e o clima predominante é quente e úmido. Dentre a vegetação e árvores centenárias, duas samaúmas são as mais famosas. Na comunidade Maguari, a samaúma conhecida como Vovó tem cerca de mil anos e é gigantesca – são necessárias cerca de 30 pessoas para conseguir abraçar a árvore! Geralmente, os passeios incluem observação da extração de látex, produção de artesanato pelos ribeirinhos e vida simples das comunidades.

Outra experiência de total imersão na cultura local é conhecer a Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, às margens do Rio Arapiuns. A 1h e 30 minutos de barco de Alter do Chão, a região abriga cerca de 74 comunidades, entre elas a Anã, que desenvolve o Turismo de Base Comunitária. Bem organizada e seguindo os padrões exigidos pela Ministério do Turismo, a experiência é paga e uma via de mão dupla. Além de fazer com que os visitantes vivenciem o cotidiano da comunidade – como dormir em redes e pescar, por exemplo –, garantem a preservação da floresta, e geram renda e emprego para as pessoas que vivem no local. Algumas empresas realizam o passeio, que pode durar mais de dois dias, e incluem visita ao meliponário de criação de abelhas sem ferrão, extração de mel, trilhas, observação de animais e conhecer as técnicas de artesanato em palha a partir da fibra de tucumã.

Apreciar a região por um panorama diferente é possível na Serra da Piraoca, ou Piroca como é conhecida. Para chegar ao ponto mais alto de Alter do Chão é necessário pegar uma catraia e seguir em direção à Ilha do Amor. A trilha é fácil e não necessita de muito condicionamento físico. Itens básicos são fundamentais, como água, protetor solar e boné. É recomendado também o uso de tênis ou botas, pois a areia da trilha é quente. A vivência se torna ainda mais enriquecedora com a presença de um guia, pois o ribeirinho compartilha histórias, acontecimentos e explica sobre as plantas medicinais locais.

Hospede-se no pulmão tupiniquim com as ofertas no Norte do país.

Além das belezas naturais

Gastronomia - Alter do Chão
Imagem ilustrativa

Alter do Chão se destaca também pela gastronomia e, apesar de pequena, o cardápio da vila não é limitado. A Praça Central e arredores abrigam a maioria dos restaurantes e, como não poderia deixar de ser, a maioria dos pratos se baseiam em peixes de água doce. O Espaço Alter do Chão está a 2 minutos da Praça Central e é um dos mais bem avaliados pelos turistas. Reconhecimento justificável, pois serve opções de dar água na boca, entre elas os típicos pirarucu recheado e tucunaré com legumes. A 35 m está o Arco-Íris da Amazônia, que combina a gastronomia local com toques internacionais e estilo gourmet. Entre as opções se destacam os pratos de peixes como o filhote e o pirarucu, camarão, lula e crepes. Além do restaurante, o espaço funciona como loja de artesanato durante o dia.

Gastronomia - Alter do Chão

A 350 m está a lanchonete X-Bom. Não se engane com a aparência simples do local, pois a comida é excelente. A lanchonete é famosa por servir deliciosos hambúrgueres, alguns com ingredientes exóticos, como camarão e piracuí. Já para os vegetarianos e veganos, o Siriá Bistrô é uma ótima opção! Além de servir pratos criativos como risoto ao leite de coco, macaxeira frita recheadas e manteiga de pupunha, o local é também um espaço cultural com atividades para crianças, shows, artesanato e dança. À beira do Tapajós, o Farol da Ilha serve delícias regionais em ambiente aconchegante com vista para a belíssima Ilha do amor.

Espaço Alter do Chão: R. Lauro Sodré, 74 – Orla de Alter do Chão | Tel.: (93) 3527-1215 | Site

Arco-Íris da Amazônia: R. Lauro Sodré, 51 – Alter do Chão | Tel.: (93) 3527-1182

X-Bom: Travessa Antônio Alves, 218 – Alter do Chão | Tel.: (62) 3353-2982

Siriá Bistrô: Travessa Turiano Meira, 744 – Alter do Chão | Tel.: (93) 9124-0224

Farol da Ilha: Orla de Alter-do-Chao, S/N – Alter do Chão | Tel.: (93) 9654-8750

As cores e ritmos de Alter do Chão

Vai Tapajós
Imagem ilustrativa

Alter do Chão é também uma excelente alternativa para passar o Réveillon, pois é nesta época que acontece a tradicional e famosa Vai Tapajós. Pé na areia na Praia de Muretá, o novo ano é recebido com open food de comidas típicas e open bar com os melhores rótulos, além de um line up que homenageia brasilidades, boogie, disco music, música latina e africana. Concorrida e com vagas limitadas, a festa é regada a sofisticação e muito agito! A pequena vila ainda conta com festejos que embalam turistas e nativos, caso do Carnaval. Animados bloquinhos desfilam pelas ruas e arrastam foliões na companhia de muita música e agitação.

Confira 10 festas de Réveillon para curtir a virada em grande estilo

Em setembro, a vila também fica repleta de turistas, cores, danças, ritmos e apresentações. É a Festa do Sairé, a mais antiga da Amazônia! Antigamente, a manifestação era puramente religiosa. Hoje em dia, elementos religiosos e profanos caminham lado a lado, e novos valores folclóricos foram adotados. A festa consiste na remontagem das missões evangelizadoras que aconteceram com os índios da Amazônia, e começa com um ritual religioso durante o dia. Depois, a parte profana é festejada e conta com shows artísticos, danças, apresentações e o ponto alto da comemoração, o famoso confronto entre os botos Tucuxi e Cor-de-Rosa. A comemoração se finda com à noite, com a festa dos barraqueiros.

2.9/5 - (23 avaliações)

Escreva um comentário