Em um país como o Brasil, dono da segunda maior população negra do mundo, destinos para se aprofundar no legado deixado pela África é o que não faltam, tornando-se ótimas opções para curtir não só no feriado da Consciência Negra em 2023 como em todo o resto do ano. 

Cada pedacinho do país garante traços dessa valiosa identidade, mas há lugares que concentram mais heranças da diáspora africana do que outros, mantendo vivas as raízes de um povo que inspira com sua marcante presença em diversos segmentos culturais.

Essa presença merece ser celebrada, enaltecida e preservada. Mas é especialmente em novembro, por conta da data homenageando a resistência preta e também o líder quilombola Zumbi dos Palmares que essas riquezas ganham ainda mais evidência. 

Pensando nisso, inspire-se com as nossas indicações de lugares para conhecer de pertinho muito dessa riquíssima identidade e mergulhar nas tradições culturais da comunidade afro-brasileira!

Salvador, BA: ancestralidade em cada detalhe da capital

É claro que a abertura da nossa lista em especial à Consciência Negra 2023 seria Salvador, capital de um dos estados mais bonitos do Nordeste: a nossa amada Bahia. Além disso, a cidade respira ancestralidade e atrações para se encantar com a identidade do povo negro não faltam por lá.

Pelourinho

Grupo musical de percussão no Pelourinho, em Salvador, Bahia.
No Pelourinho, as performances musicais de diversos grupos e blocos afro roubam a cena.

Além de ser um dos cartões-postais mais famosos do destino, a importância histórica que o Pelourinho carrega consigo é imensurável. 

Aliás, o bairro que fica no centro histórico de Salvador foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade e ainda constitui o maior conjunto arquitetônico colonial da América Latina.

É no Pelourinho também que expressões artísticas de destaque se revelam, afinal o lugar protagoniza criações afro-brasileiras. A começar pelas galerias e ateliês, que são inúmeros e apresentam talentos das artes plásticas inspirados pela cultura negra.

Lá a atmosfera também é bastante musical, com performances de capoeira e de grupos de percussão, a exemplo da Banda Didá Feminina e do famoso Olodum, ambos com sede no próprio Pelourinho e que costumam se apresentar contagiando com o ritmo dos tambores.

Aproveite para conferir os principais pontos turísticos da cidade de Salvador!

Museus

Mas Salvador não se resume só às ladeiras do Pelô. Os museus também são uma forma e tanto de estreitar o laço com as origens africanas.

Vale visitar o Museu Nacional de Cultura Afro Brasileira, o Memorial das Baianas, o Museu da Gastronomia Baiana, o Centro Cultural Solar do Ferrão, a Cidade da Música da Bahia e uma série de outros espaços dedicados às raízes negras.

Leia também sobre as praias de Salvador, alguns dos cartões-postais mais bonitos da Bahia!

Outras atrações

Esculturas dos orixás no Dique Tororó em Salvador, Bahia.
As esculturas dos orixás no Dique Tororó estampam alguns dos cartões-postais mais bonitos.

Além disso, outras paradas obrigatórias na cidade são o Dique Tororó, único manancial natural da cidade de Salvador que ainda rouba a cena com esculturas lindíssimas dos orixás instaladas sobre as águas – dá pra fazer um passeio de pedalinho para contemplar de perto as imagens -, e o Mercado Modelo, com 260 lojas e diversas opções de artesanato, roupas e comidas locais.

Vale também conhecer o Forte da Capoeira, uma fortaleza construída antigamente para defesa da cidade e que hoje é palco de encontro dos praticantes do esporte. Inclua ainda no roteiro a sede do bloco Ilê Ayiê, o primeiro bloco afro do brasil que se consolidou como uma das principais expressões culturais do carnaval baiano.

Festas tradicionais

Imagem de Iemanjá durante a celebração da festa desse orixá em Salvador, na Bahia.
Em fevereiro, Salvador celebra o dia de Iemanjá, uma das festas mais esperadas na cidade.

Algumas celebrações na cidade também garantem uma imersão completa nas tradições afro-brasileiras. É o caso da Festa de Iemanjá no dia 2 de fevereiro, por exemplo, e das missas de terça-feira na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, que incorporam elementos do candomblé, ou da lavagem das escadarias na festa do Senhor do Bonfim, que era feita pelos escravizados obrigados a lavar o templo para a comemoração.

Serra da Barriga e Maceió, AL: terra do líder Zumbi

Um dos principais símbolos de resistência negra é Zumbi dos Palmares e não à toa 20 de novembro, o dia da sua morte, foi escolhido como data oficial da Consciência Negra. 

Esse ícone da luta contra a escravidão nasceu em Alagoas, o que por si só já seria suficiente para garantir o estado na nossa seleção de destinos em especial à Consciência Negra 2023. Ainda assim, há muito mais por lá!

Parque Memorial Quilombo dos Palmares

É na Serra da Barriga que está o Quilombo dos Palmares, refúgio liderado por Zumbi e e que recebeu mais de 20 mil escravizados.

Hoje, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o local foi reconhecido como parque nacional e recria, desde 2007, o cenário de uma das histórias mais importantes de resistência à escravidão. 

Por lá, foram reconstituídas algumas das construções significativas do quilombo, com pontos de áudio e textos explicativos narrando aspectos do cotidiano de quem o habitava na época.

No parque, tem-se ainda vistas panorâmicas de Serra da Barriga dos mirantes, comunidades quilombolas que mantêm intactas muitas tradições e costumes religiosos, um restaurante de culinária afro-brasileira e o palco Batucajé, onde acontecem manifestações artístico-culturais.

Instituto Histórico e Religioso de Alagoas

A cerca de 80 km dali fica Maceió e na capital alagoana também há muito para se ver. As histórias da “Quebra de Xangô”, por exemplo, quando terreiros foram destruídos em 1912, podem ser conhecidas no Instituto Histórico e Religioso de Alagoas com os itens sobreviventes.

Experiência urbana afrocentrada

Também é bacana conhecer Maceió pela perspectiva do passeio Andança Negra Maceió, criado pela agência Alagoas Cultural. O roteiro potencializa a história e cultura negra alagoana, oferecendo uma experiência urbana afrocentrada através do turismo cultural.

São Luís, MA: heranças afro-brasileiras na cultura local

A belíssima São Luís do Maranhão também tem muito da identidade negra para se apreciar, inclusive na música. O destino permite também imersão nas raízes da comunidade afro com museus e acervos riquíssimos com artigos de religiões de matriz africana e danças afro.

E por falar em Maranhão, que tal curtir um roteiro pela Rota das Emoções? Saiba tudo!

Tambor de Crioula

O Tambor de Crioula é uma dança de origem africana, típica do estado, que começou em louvor a São Benedito, santo protetor dos negros. 

Tradição do Maranhão, a dança se tornou Patrimônio Cultural e acontece nas praças, nos terreiros e em várias celebrações, embalando do Carnaval a São João.

Essa expressão se mantém preservada na Casa do Tambor de Crioula, um Centro de Referência aberto para visitação e com exposições, apresentações e oficinas culturais.

Museu Cafuá das Mercês

No centro histórico de São Luís, está o Museu Cafuá das Mercês, outra dica imperdível que não pode faltar no roteiro.

Reaberto em 2020, o museu tem um acervo com objetos de religiões africanas e uma mostra de personalidades negras essenciais na luta contra o racismo e na preservação da identidade negra local.

Centro Cultural Popular Domingos Vieira Filho

Embora não seja exclusivamente dedicado à cultura negra, o Centro Cultural Popular Domingos Vieira Filho, também no centro histórico, traz muito das heranças nas exibições.

Lá é possível visitar salas de danças e as religiões africanas retratadas em obras artísticas e trajes utilizados nos cultos.

São Paulo, SP: do estilo hip-hop às homenagens a figuras negras

Embora não pensemos primeiro em São Paulo ao falar de afroturismo, a cidade também guarda tesouros que não poderiam passar batido na Consciência Negra 2023!

Museu Afro Brasil

Uma das joias culturais de SP é, sem dúvidas, o Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera. 

Entre pinturas, gravuras, fotografias e documentos, o espaço tem um acervo com mais de seis mil itens do universo cultural afro, incluindo religião e arte.

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos

Já no centro, no Largo do Paiçandu, é bacana conhecer a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, construída pela Irmandade dos Homens Pretos para a comunidade negra frequentar um espaço religioso.

Além disso, vale ainda assistir à missa afro realizada a cada dois meses, onde são feitas oferendas e entoados cânticos ao som de atabaques.

Monumentos de Zumbi dos Palmares e Luiz Gama

Em São Paulo, a estátua de Zumbi dos Palmares também merece destaque. Na praça Antônio Prado, no centro, o monumento foi instalado em 2016 e está em área histórica, endereço da antiga Igreja do Rosário dos Homens Pretos e local de sepultamento de escravizados no passado. 

Além disso, outra escultura na capital é a estátua de Luiz Gama no Largo do Arouche. Criada em 1931, esse foi o primeiro monumento público da cidade paulista erguido em homenagem a um líder negro.

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Atrações na República

O bairro da República também tem muito dessaa cultura, afinal lá está a Galeria do Rock com o primeiro andar dedicado ao estilo hip-hop. Há lojas de roupa, acessórios e discos, além de salões para cabelos crespos e tranças afro.

Além disso, na República também podem ser comprados tecidos africanos, roupas ou artigos confeccionados diretamente no continente da África.

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Outras atrações

No roteiro em Sampa, não pode faltar o Aparelha Luzia, quilombo urbano e centro cultural com boa música, performances artísticas e integrantes do movimento negro.

Já o sarau da Cooperifa, na zona sul da cidade, também merece ser visitado, responsável por revelar talentos do rap e da poesia de rua.

Além disso, o Centro de Culturas Negras do Jabaquara, na zona sul, também se destaca na cena. Festas blacks como a Discopédia, escolas de Samba como o Vai-Vai e rodas de samba na cidade, incluindo o Samba da Laje, valem a pena.

Lugares para curtir samba-rock, gênero que teve início nas periferias paulistas dos anos 1950, são tão imperdíveis quanto.


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Bruna Rio Branco

Amante das artes, adora viajar para lugares que inspirem criações artísticas e que tenham a cultura vibrante. Destinos de natureza também estão na sua listinha de favoritos.

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