“Uma vez que você tenha experimentado voar, você andará pela terra com seus olhos voltados para céu, pois lá você esteve e para lá você desejará voltar”. Já disse Leonardo da Vinci e, hoje, eu me vejo parafraseando o artista italiano, com as lembranças do que foi, na certa, a melhor e mais louca experiência da minha vida. O céu de dia e, principalmente, à noite, sempre me hipnotizou. Saltar de paraquedas, foi como um gato que, finalmente, consegue subir naquele telhado mais alto, que sempre observou.

O medo

Preparação para saltar de paraquedas

São cerca de 120 km da capital de São Paulo até Boituva. A cada novo quilometro da Rodovia Castelo Branco, meu coração parecia apertar mais. Primeiro, por medo. Depois, por tristeza, ao ver gotinhas de chuva molhar o vidro da minha janela, e levar por água abaixo a minha experiência de saltar de paraquedas. Logo a chuva parou e o medo voltou a reinar até alcançarmos o quilômetro 116 da rodovia, o endereço do Centro Nacional de Paraquedismo.

São muitas as escolas de paraquedismo no local e, por sorte, naquele sábado chuvoso, a minha, a Escola Brasileira de Paraquedismo, era a única com esperanças da chuva dar uma trégua e poder continuar com os saltos. Deve ter funcionado o pensamento positivo do pessoal que já esperava para saltar por horas. São Pedro deu uma pausa na água e todos seguiram para, finalmente, saltar de paraquedas.

Com isso, era a minha vez de vestir a roupa, equipamento e receber as instruções do meu instrutor, quem saltaria comigo. Em meio a muita animação, para aliviar a tensão dos mais medrosos (eu), os instrutores já começam a gravar o vídeo do salto e explicar como deveríamos proceder com nossos corpos durante a queda e a aterrissagem.

O medo a essa hora já tinha tomado conta! Eis que chega a hora de embarcar no avião com um grupo de mais 5 pessoas. Para o meu desespero, descubro que eu seria a primeira a pular do avião. Por alguns minutos, que pareciam eternos, o avião subia e subia. Eu olhava pela janela e via as casas, os carros e as plantações cada vez mais distantes. Olhava a portinha pela qual eu iria saltar de paraquedas e apenas me perguntava: aonde é que eu estava com da cabeça?

A aproximadamente 3 mil metros de altura, o ápice do meu medo chegou! Ao se aproximar da porta, colocar os pés na beirada, ver apenas nuvens lá embaixo, eu olhei para o meu amor, o responsável por eu estar ali e um dos próximos a saltar, e no meu rosto se formou a feição mais aterrorizada que já fiz. O instrutor perguntou: vamos? Eu pensei: “rápido antes que eu desista”, mas apenas respondi “vamos” com a voz embargada de pânico. Pulamos!

O prazer de saltar de paraquedas

Salto - Saltar de Paraquedas

Antes de subir, escutei alguns relatos de pessoas que tinham acabado de saltar. Uma das frases mais repetidas era: “é indescritível”. E foi, mas vou tentar! Imagine a sensação de descer, a toda velocidade, uma montanha russa. Pense que saltar de paraquedas é quase isso, mas milhões de vezes mais libertador, intenso, radical e gostoso. Durante cerca de 40 segundos você despenca a uma velocidade de 200 km/h.

Saltar de Paraquedas

Depois que pulamos, o medo foi se dissipando junto com as nuvens úmidas que atravessávamos e, no lugar, a adrenalina tomou conta me fazendo gritar, rir e até chorar de emoção. Quando comecei a ver o chão ainda muito longe, me senti sendo puxada de volta. O paraquedas abriu e uma nova sensação tomou conta de mim. Primeiro, ver tudo lá embaixo, tão distante, fez o medo voltar. Me agarrei ao equipamento e não soltei mais, mesmo depois que mais uma vez o medo tivesse sido substituído, dessa vez por paz. Sim. Ficar apenas navegando por cerca de 5 minutos, com aquela vista e naquele silêncio absoluto, encheu meu coração de paz e mais emoção.

Fiz o pouso secando os olhos e com um sorriso de orelha a orelha. A sensação seguinte foi a de ter feito um spa completo. Meu corpo, antes tenso devido ao nervosismo, agora estava extremamente relaxado e leve. Parecia que eu sairia levitando, alçando voo sozinha, a qualquer momento. Como é saltar de paraquedas? É simplesmente incrível e viciante.

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1 Comentário

  1. Que doidera! Eu tenho muita vontade de pular de paraquedas, mas o medo de altura me impede. Quem sabe um dia ainda tomo coragem.

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